28.8 C
Campo Grande
HomeNotíciasOportunidade de ensino superior gratuito aproxima reeducandas da vida fora da criminalidade

Oportunidade de ensino superior gratuito aproxima reeducandas da vida fora da criminalidade

“Com minha primeira graduação sinto meu sonho mais próximo, entrei apenas como uma presa e hoje me sinto uma universitária”, este é o depoimento da reeducanda B.M.C., de 36 anos, que iniciou a graduação em Empreendedorismo e pretende abrir seu próprio negócio na área de alimentação quando conquistar a liberdade, junto com a filha que mora em São Paulo.

O anseio por uma vaga no mercado de trabalho para exercitar a cidadania, de forma digna, encontra novas possibilidades com a educação dentro do ambiente prisional. De forma inédita e gratuita, o oferecimento de ensino superior é realidade no Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”, na capital.

Presa há cerca de dois anos, a interna revela ainda que, esta é uma oportunidade única para garantir um futuro melhor. “Conhecimento é um valor que ninguém tira. Já experimentei os dois lados, da liberdade e da prisão, e hoje reconheço essa grande chance que recebi para transformar minha história e eu não posso deixar escapar”, comemora.
Iniciado este mês e com duração de dois anos, além do Empreendedorismo os cursos oferecidos são Logística e Serviços Jurídicos Cartorários e Notariais.

Para a reeducanda, a graduação irá aproximá-la do sonho de abrir seu próprio negócio

Hoje com três alunas, a previsão é estender a bolsa para seis mulheres que cumprem pena em regime fechado.

Coordenada pela Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), por meio da Diretoria de Assistência Penitenciária, a oportunidade chegou através de um convênio firmado entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a Kroton e a Fundação Pitágoras/Cogna para implementação de cursos/tecnólogos, na modalidade à distância, em estabelecimentos penais.

Presa desde 2016, N.A.S.F., de 34 anos, encontrou na busca pelo conhecimento o mecanismo para ocupar a mente e abrir novas portas lá fora.

“Sempre priorizei a educação, porque nos leva a um patamar totalmente diferente, lá na rua muitas vezes a gente tem oportunidade e não valoriza, aqui eu agarrei todas”, conta a interna que concluiu o ensino regular na unidade penal e está cursando Serviços Jurídicos Cartorários e Notariais.

Segundo a diretora do presídio feminino, Mari Jane Boleti Carrilho, essas qualificações são uma conquista para a instituição como um todo, bem como, uma realização para as internas. “O saber abre caminhos, além de vantagens significativas no mercado de trabalho para essas mulheres”, destaca.

Para a servidora responsável pelo setor de Educação do EPFIIZ, Ana Lúcia Morais Coinete Gomes, o conhecimento contribui no rompimento do ciclo criminalidade x reincidência. “Além de elevar a autoestima das internas, o ensino superior desenvolve suas habilidades profissionais, essencial para a reinserção social”, afirma.

Oportunidade de ensino superior gratuito aproxima reeducandas da vida fora da criminalidade
Há seis anos presa, a interna encontrou na educação a chance de trilhar um novo caminho

De acordo com a Divisão de Assistência Educacional da Agepen, atualmente 57 detentos cursam graduação superior em Mato Grosso do Sul e um já está na pós-graduação. Além dessa parceria firmada com o CNJ, os cursos de nível superior dentro dos estabelecimentos prisionais acontecem em convênio com universidades particulares, pelo sistema de Educação à Distância (EAD).

Conforme a Lei de Execução Penal (LEP), a cada 12 horas de estudo, o detento tem direito a remir um dia da pena. Além do desconto no total de pena a ser cumprida, estudar abre oportunidades de recomeço aos custodiados.

As reeducandas participantes do projeto também realizaram a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem Prisional).

“A educação e a busca constante pelo conhecimento se tornam ferramentas eficientes para a formação do indivíduo e, dentro do sistema prisional, contribuem na transformação de hábitos”, ressalta o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves.

 

Texto e Fotos: Tatyane Santinoni, Agepen

Fonte: Governo do Estado de Mato Grosso do Sul

Comentários do Facebook
- Publicidade -spot_img
- Publicidade -spot_img