A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) entregou em sessão solene na noite desta quarta-feira (2) a Comenda Coronel Pedro José Rufino, instituída pela Resolução 3/2016, de autoria do deputado Junior Mochi (MDB), também propositor do evento. O plenário Júlio Maia recebeu personalidades civis, militares e eclesiásticas para homenagear 35 pessoas que mantêm o compromisso com a história e a cultura de Mato Grosso do Sul.
A solenidade é alusiva aos heróis da Retirada da Laguna, um dos episódios que marcou a Guerra do Paraguai, também chamada de Guerra da Tríplice Aliança, ocorrida entre 1864 e 1870. O nome de Rufino foi escolhido devido aos seus trabalhos prestados como militar a serviço do país por 40 anos, nas regiões de Bela Vista, Nioaque, Miranda e Coxim.
Junior Mochi explicou que a entrega é uma homenagem como expressão da memória, da gratidão e da identidade sul-mato-grossense. “Um reconhecimento àqueles que contribuíram para o desenvolvimento do estado, pois é na ação cotidiana que se escreve as páginas mais nobres de nossa história. Estamos reatando os fios vivos entre passado e presente, as ações heroicas de Rufino e hoje de quem constrói esse Estado. E não havia melhor nome do que o dele, símbolo da bravura, lealdade e da resistência brasileira. Em meio à devastação da guerra, manteve-se firme, com coragem inabalável e tornou-se o salvador de vidas. Que essa Comenda não seja apenas um reconhecimento, mas um convite para uma sociedade mais justa, fraterna e humana”, discursou o parlamentar.
O historiador e professor aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Paulo Esselin, usou a tribuna para contextualizar o legado. “A Guerra é um dos fenômenos mais importantes da história do Brasil e do então Mato Grosso, pois na trincheira dessa guerra tivemos na sequência a proclamação da República e a libertação dos escravos, ou seja, uma grande mudança de contexto. E o Mato Grosso estava afastado dos grandes centros. Então esse movimento da guerra traz quartéis e uma grande quantidade de homens e mulheres que começam a iniciar um processo de produção. Nós conhecemos muito pouco nossa história, destaco o papel importantíssimo também dos índios. E essa condecoração rememora um oficial que sofreu em uma guerra e dela saiu vivo”, afirmou.
Pedro José Rufino
Nascido na Bahia, coronel Rufino ingressou no serviço militar no Rio de Janeiro, de onde partiu para atuar na defesa da fronteira do território sul-mato-grossense, período em que participou da guerra. Em 1863, o Governo Imperial concedeu-lhe o diploma de Cavaleiro da Ordem de São Bento de Avis, por reconhecimento de seus méritos, e o Hábito da Ordem de Cristo em 1866, pelos serviços prestados na fronteira de Miranda, onde teve início a invasão paraguaia. Também recebeu a Medalha Constância e Valor. Posteriormente, exerceu liderança política representando os valores republicanos em nome da preservação do patrimônio público.
Em dezembro de 1864 o Paraguai invadiu o sul de Mato Grosso, atualmente sudoeste, oeste e norte do estado de Mato Grosso do Sul. Brasil, Argentina e Uruguai formaram a Tríplice Aliança para derrubar o presidente paraguaio Solano Lopez para manter a livre navegação na Bacia do Prata. O Exército Brasileiro deslocou mais de três mil homens para a cidade paraguaia Laguna e em retirada de volta a Coxim restaram apenas 700 sobreviventes, dentre eles o Visconde de Taunay, quem registrou o episódio e pode ser revisto nessa reportagem da TV Educativa de MS clicando aqui. A guerra terminou em 1870 com a derrota do Paraguai.
Sessão solene entrega Comenda Coronel Rufino em alusão aos heróis da Retirada da Laguna
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