Elas se encontraram no meio da multidão como se o tempo tivesse parado por um instante — duas presenças fortes, felinas, seguras de si. Os olhares se cruzaram e, naquele breve segundo, tudo foi dito sem uma palavra.
Os movimentos eram suaves, quase coreografados, como se dançassem uma música que só elas escutavam. Uma mão deslizou levemente pela cintura da outra, e o toque foi firme, decidido, mas ao mesmo tempo cheio de ternura. Aproximaram-se devagar, saboreando a tensão, como quem sabe que o desejo mora no intervalo entre intenção e gesto.
O beijo aconteceu como um segredo sussurrado, profundo e doce, intenso e sereno. Nada apressado, nada encenado — apenas verdadeiro. Boca com boca, pele com pele, respiração entrelaçada. Era mais do que atração: era uma liberdade crua, corajosa, bonita.
Ali, naquele beijo, o mundo desapareceu. Só restavam elas — duas mulheres lindas, intensas, inteiras. Duas chamas que se reconheceram no escuro.